sexta-feira, 9 de maio de 2008

Como falar de sexo com os filhos?

É no relacionamento afetivo com modelos parentais significativos, ou seja, pai e/ou mãe ou quem os substitua, que cada pessoa desenvolve seu papel de filho e vai assimilando o que é ser pai ou mãe. Essa experiência vai ter um peso relevante para que a pessoa se sinta ou mais à vontade ou mais inibida para se relacionar com os seus filhos no futuro, em especial, no que tange aos aspectos que envolvem a sexualidade na criação dos filhos, posto que despertam a vivência psicossexual que cada um dos pais experimentou durante o período de seu próprio desenvolvimento.

A história da sexualidade desvinculada dos tabus e de sua função reprodutiva ainda é recente sendo uma questão em que muitos pais encontram dificuldade para lidar com seus filhos. Portanto, diante do impacto que uma pergunta ou manifestação da sexualidade dos filhos possa provocar nos pais, é importante que, em primeiro lugar, esses últimos reconheçam que foram tocados em algum ponto frágil.

COMO FALAR DE SEXO COM OS FILHOS?

“É importante esclarecer que nenhum progenitor deve dissertar sobre sexo com seu filho, e, muito menos, sair pela tangente diante dessa situação, desconversando. Se a resposta disponível atender à dúvida do filho ou orientar para alguma manifestação da sua sexualidade, já é um bom começo. Se ocorrer aquele famoso “branco”, não há nada que desqualifique um pai ou uma mãe que pede para responder dali a pouco para o filho, argumentando que deseja encontrar uma forma esclarecedora de abordar melhor o tema ou a situação em questão”, afirma a Dra. Margareth dos Reis, Psicóloga e Terapeuta Sexual do Instituto H. Ellis e Doutoranda em Ciências pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - USP.

Procurar retornar ao assunto antes que ele esfrie é um dever, aconselha a terapeuta sexual. “Pai e mãe devem se considerar os principais educadores para orientar, sexualmente, tanto o filho quanto à filha, lembrando que, em relação à criança deve-se responder exatamente ao que ela perguntou e procurar respostas mais completas quando a criança continua com as perguntas. Já com os adolescentes é essencial que os pais usem uma linguagem acolhedora e esclarecedora que permita uma interação simétrica entre eles. Isso facilita a transição do adolescente para a vida adulta. Além disso, a comunicação sem preconceitos ou julgamentos morais, seja com a criança ou com o adolescente, é uma excelente aliada para uma relação de confiança entre pais e filhos”, explica a Dra. Margareth dos Reis.

Esses são exercícios que ajudam no desenvolvimento necessário dos dois lados: dos pais que estão tendo a oportunidade de passar em revista os seus pontos frágeis e de se libertar deles nesse momento de suas vidas através dos filhos, e, dos filhos que estão desabrochando para o interesse sexual e se sentem acolhidos por pais que não se escondem de si mesmos.
Em relação à criança, as respostas não devem fugir às perguntas que ela faz para evitar despertar um interesse sexual precoce nela, a menos que a criança continue com perguntas, aí os pais devem procurar respostas mais completas.

P. ex.: Quando a criança pergunta o que é sexo. Os pais podem responder que é algo natural e prazeroso que envolve beijos e carícias no corpo, mas que só gente grande pode fazer. Se ela continuar querendo saber por que ela não pode fazer, os pais devem explicar que o corpo da criança não está preparado para fazer sexo, por isso ela tem que esperar o momento adequado para isso. Se ela lançar mais uma para os pais, do tipo “mas, eu já tenho namorado(a) na minha escola”, os pais devem explicar que o namoro nessa fase é uma brincadeira e que quando ela crescer vai ter liberdade para namorar como gente grande.

Quando os filhos estão se aproximando da adolescência, os pais devem abordar as mudanças físicas e emocionais que estão por acontecer com eles, como por exemplo, o que ocorre com a menina, a primeira menstruação, ou menarca como é chamada e o aumento dos seios. Nos meninos ocorrem as primeiras ejaculações espontâneas sem coito, o aumento do pênis e a mudança de voz. Essas e outras mudanças biológicas capacitam o indivíduo para a procriação. O interesse amoroso e a prática sexual surgem nessa época. A adolescência é o período de transição entre a infância e a vida adulta, que envolve transformações emocionais, comportamentais e físicas iniciadas na puberdade e concluídas na vida adulta, de acordo com as influências culturais e sociais recebidas do ambiente no qual o indivíduo está inserido. Nessa fase do desenvolvimento é importante usar uma linguagem mais esclarecedora e acolhedora sobre a iniciação sexual e a prática sexual segura. As conversas sem preconceitos ou julgamentos morais permitem uma relação mais simétrica entre pais e filhos.

Toda conversa sobre sexo com os filhos pode ser acompanhada de livros didáticos, que ajudem a explicar melhor as dúvidas que eles possam ter, de acordo com a faixa etária deles. Os pais também podem aproveitar quando assistem às programações de TV com seus filhos para fazer comentários educativos sobre sexo quando aparecem cenas com conteúdo sexual.

Dra. Margareth dos Reis (Psicóloga e Terapeuta Sexual do Instituto H. Ellis e Doutoranda em Ciências pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - USP)

Fonte: http://www.saude.com.br/site/materia.asp?cod_materia=123

 

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