O ser humano é distraído por natureza. Quem consegue se concentrar numa boa é aquele que, mesmo sem querer, domina algumas técnicas para manter o pensamento no alvo certo, evitando uma série de problemas
Um segundo, só um segundinho de vacilo e... o martelo erra o alvo, caindo em cheio sobre o dedo desavisado. Em inúmeras outras situações, tão cotidianas quanto essa, desviamos a atenção num átimo. Por que isso acontece? Os neurocientistas têm algumas pistas para responder à pergunta. Eles descobriram, por exemplo, que o cérebro é capaz de concentrar os esforços em uma só direção, mas aí basta um estímulo, qualquer um, para mudar de rumo a tendência vale para todo ser humano. Somos distraídos por natureza: é o olho que capta uma imagem, as narinas que absorvem um cheiro envolvente, os ouvidos que percebem um som distante... Isso tudo desperta memórias e sensações que levam a mente a voar.
A chave para entender a mania de se dispersar está em duas regiões do cérebro que vivem numa eterna queda-de-braço: o córtex pré-frontal, que fica logo abaixo da testa e é responsável por processar informações complexas, e o córtex parietal, localizado na parte médio-traseira e cuja função, entre outras, é interpretar as sensações táteis. Quando nos concentramos em algo, a oxigenação aumenta nessas duas áreas, explica o neurocientista Martin Cammarota, do Centro de Memória do Instituto de Pesquisas Biológicas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre. É que ambas disputam nossa atenção, segundo um estudo de pesquisadores do MIT, o Massachusetts Institute of Technology, nos Estados Unidos.
O córtex pré-frontal entra em ação quando aplicamos nosso esforço em alguma atividade, enquanto o parietal é ativado caso uma distração tente nos fisgar. É o que acontece, por exemplo, quando você navega na internet para enviar um e-mail urgente mas vê com o rabo do olho uma notícia curiosa. O cérebro imediatamente dispara dois sinais diferentes, um logo após o outro. O mesmo ocorre quando tentamos escrever e conversar ao mesmo tempo ou dirigir e falar ao celular.
Para os cientistas, o desafio é descobrir como desligar uma dessas freqüências e deixar ativa apenas aquela que nos interessa em determinada situação. Segundo uma pesquisa realizada por psicólogos da University College London, quanto mais complexa uma atividade, maior a facilidade para se concentrar nela. A complexidade leva à motivação, um pré-requisito para preservar o foco, justifica o neurologista Benito Damasceno, chefe do Departamento de Neurologia da Universidade Estadual de Campinas, a Unicamp, no interior de São Paulo.
Anúncios, notícias, buzinas, campainhas, celulares, e-mails... São muitos os ladrões da nossa atenção. E, para complicar, o cérebro nem sempre está do nosso lado. Não temos controle total sobre ele, lembra Martin Cammarota. Para segurar as rédeas da atenção, principalmente quando é vital contar com ela, existem várias técnicas.
Ao estudar ou trabalhar, por exemplo, tem gente que se concentra escutando música com fones de ouvido ou mantendo um ruído constante no ambiente o do ar-condicionado, por exemplo. Isso pode funcionar em algumas ocasiões, mas não resolve o problema se a distração for uma constante, observa a psicóloga Junia Cicivizzo Ferreira, especialista em psicologia comportamental da Universidade Federal de São Paulo, a Unifesp.
Nos casos de dispersão crônica, a saída costuma estar na organização. Em vez de confiar na memória, deixe os pensamentos de lado e apele para o lápis e o papel. Isso mesmo faça a velha e boa lista de tarefas, iniciando pelas mais importantes. Depois, é preciso se ater de fato às prioridades, ressalta Junia. Se não funcionar, não custa fazer uma pausa e checar como andam suas emoções e motivações. Esses dois fatores também contribuem para a concentração, garante Benito Damasceno.
CELULAR AO VOLANTE
...é distração constante. Um estudo americano revelou que atender ao telefone móvel enquanto se dirige é tão perigoso quanto conduzir o veículo embriagado
Pesquisadores da Universidade de Utah, nos Estados Unidos, descobriram que uma simples conversa ao celular mesmo com fones de ouvido aumenta cinco vezes as chances de um motorista se envolver em acidentes de trânsito. É o mesmo risco de quem pega a estrada com 8 decigramas de álcool no sangue (o equivalente a três taças de vinho ou três latas de cerveja), uma quantidade proibida pela legislação naquele país e também no Brasil. Segundo o estudo, realizado em 2006 com 40 voluntários que dirigiram simuladores de veículos, os motoristas olham para a estrada, mas não conseguem prestar atenção suficiente nela durante a conversa telefônica. Daí, demoram mais tempo para frear e para voltar a acelerar o carro, podendo reagir tarde demais se, de repente, um pedestre surgir do nada. Ainda de acordo com o trabalho, isso não acontece com o motorista que ouve o rádio ou conversa com o passageiro.
ATENÇÃO, POR FAVOR
Sete estratégias para reeducar a mente e ser mais produtivo no trabalho ou nos estudos
1. PRIORIZE: o que é mais importante? Uma relação de tarefas vai ajudá-lo a fazer primeiro o que de fato interessa.
2. ORGANIZE: estabelecer metas, datas ou horários e também fazer os ajustes necessários na rotina são atitudes que contribuem para você ir até o fim.
3. FOQUE: quanto mais atenção você prestar no que estiver fazendo, maior a chance de ficar imerso por longos períodos na mesma atividade.
4. INSISTA: por mais que a mente fuja de vez em quando, a tendência é que ruídos e imagens levem mais tempo para roubar a atenção se você persistir.
5. DESCANSE: se a concentração for mesmo para o espaço, pare, respire e tente esvaziar a mente por alguns minutos antes de recomeçar.
6. DIVIRTA-SE: vale qualquer hobby ler, ver filmes, cozinhar , desde que você busque apenas relaxar em alguns momentos do dia.
7. EXERCITE-SE: sim, está provado que os praticantes regulares de atividades físicas têm muito mais disposição para se manter focados.
3
Um segundo, só um segundinho de vacilo e... o martelo erra o alvo, caindo em cheio sobre o dedo desavisado. Em inúmeras outras situações, tão cotidianas quanto essa, desviamos a atenção num átimo. Por que isso acontece? Os neurocientistas têm algumas pistas para responder à pergunta. Eles descobriram, por exemplo, que o cérebro é capaz de concentrar os esforços em uma só direção, mas aí basta um estímulo, qualquer um, para mudar de rumo a tendência vale para todo ser humano. Somos distraídos por natureza: é o olho que capta uma imagem, as narinas que absorvem um cheiro envolvente, os ouvidos que percebem um som distante... Isso tudo desperta memórias e sensações que levam a mente a voar.
A chave para entender a mania de se dispersar está em duas regiões do cérebro que vivem numa eterna queda-de-braço: o córtex pré-frontal, que fica logo abaixo da testa e é responsável por processar informações complexas, e o córtex parietal, localizado na parte médio-traseira e cuja função, entre outras, é interpretar as sensações táteis. Quando nos concentramos em algo, a oxigenação aumenta nessas duas áreas, explica o neurocientista Martin Cammarota, do Centro de Memória do Instituto de Pesquisas Biológicas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre. É que ambas disputam nossa atenção, segundo um estudo de pesquisadores do MIT, o Massachusetts Institute of Technology, nos Estados Unidos.
O córtex pré-frontal entra em ação quando aplicamos nosso esforço em alguma atividade, enquanto o parietal é ativado caso uma distração tente nos fisgar. É o que acontece, por exemplo, quando você navega na internet para enviar um e-mail urgente mas vê com o rabo do olho uma notícia curiosa. O cérebro imediatamente dispara dois sinais diferentes, um logo após o outro. O mesmo ocorre quando tentamos escrever e conversar ao mesmo tempo ou dirigir e falar ao celular.
Para os cientistas, o desafio é descobrir como desligar uma dessas freqüências e deixar ativa apenas aquela que nos interessa em determinada situação. Segundo uma pesquisa realizada por psicólogos da University College London, quanto mais complexa uma atividade, maior a facilidade para se concentrar nela. A complexidade leva à motivação, um pré-requisito para preservar o foco, justifica o neurologista Benito Damasceno, chefe do Departamento de Neurologia da Universidade Estadual de Campinas, a Unicamp, no interior de São Paulo.
Anúncios, notícias, buzinas, campainhas, celulares, e-mails... São muitos os ladrões da nossa atenção. E, para complicar, o cérebro nem sempre está do nosso lado. Não temos controle total sobre ele, lembra Martin Cammarota. Para segurar as rédeas da atenção, principalmente quando é vital contar com ela, existem várias técnicas.
Ao estudar ou trabalhar, por exemplo, tem gente que se concentra escutando música com fones de ouvido ou mantendo um ruído constante no ambiente o do ar-condicionado, por exemplo. Isso pode funcionar em algumas ocasiões, mas não resolve o problema se a distração for uma constante, observa a psicóloga Junia Cicivizzo Ferreira, especialista em psicologia comportamental da Universidade Federal de São Paulo, a Unifesp.
Nos casos de dispersão crônica, a saída costuma estar na organização. Em vez de confiar na memória, deixe os pensamentos de lado e apele para o lápis e o papel. Isso mesmo faça a velha e boa lista de tarefas, iniciando pelas mais importantes. Depois, é preciso se ater de fato às prioridades, ressalta Junia. Se não funcionar, não custa fazer uma pausa e checar como andam suas emoções e motivações. Esses dois fatores também contribuem para a concentração, garante Benito Damasceno.
CELULAR AO VOLANTE
...é distração constante. Um estudo americano revelou que atender ao telefone móvel enquanto se dirige é tão perigoso quanto conduzir o veículo embriagado
Pesquisadores da Universidade de Utah, nos Estados Unidos, descobriram que uma simples conversa ao celular mesmo com fones de ouvido aumenta cinco vezes as chances de um motorista se envolver em acidentes de trânsito. É o mesmo risco de quem pega a estrada com 8 decigramas de álcool no sangue (o equivalente a três taças de vinho ou três latas de cerveja), uma quantidade proibida pela legislação naquele país e também no Brasil. Segundo o estudo, realizado em 2006 com 40 voluntários que dirigiram simuladores de veículos, os motoristas olham para a estrada, mas não conseguem prestar atenção suficiente nela durante a conversa telefônica. Daí, demoram mais tempo para frear e para voltar a acelerar o carro, podendo reagir tarde demais se, de repente, um pedestre surgir do nada. Ainda de acordo com o trabalho, isso não acontece com o motorista que ouve o rádio ou conversa com o passageiro.
ATENÇÃO, POR FAVOR
Sete estratégias para reeducar a mente e ser mais produtivo no trabalho ou nos estudos
1. PRIORIZE: o que é mais importante? Uma relação de tarefas vai ajudá-lo a fazer primeiro o que de fato interessa.
2. ORGANIZE: estabelecer metas, datas ou horários e também fazer os ajustes necessários na rotina são atitudes que contribuem para você ir até o fim.
3. FOQUE: quanto mais atenção você prestar no que estiver fazendo, maior a chance de ficar imerso por longos períodos na mesma atividade.
4. INSISTA: por mais que a mente fuja de vez em quando, a tendência é que ruídos e imagens levem mais tempo para roubar a atenção se você persistir.
5. DESCANSE: se a concentração for mesmo para o espaço, pare, respire e tente esvaziar a mente por alguns minutos antes de recomeçar.
6. DIVIRTA-SE: vale qualquer hobby ler, ver filmes, cozinhar , desde que você busque apenas relaxar em alguns momentos do dia.
7. EXERCITE-SE: sim, está provado que os praticantes regulares de atividades físicas têm muito mais disposição para se manter focados.
Um segundo, só um segundinho de vacilo e... o martelo erra o alvo, caindo em cheio sobre o dedo desavisado. Em inúmeras outras situações, tão cotidianas quanto essa, desviamos a atenção num átimo. Por que isso acontece? Os neurocientistas têm algumas pistas para responder à pergunta. Eles descobriram, por exemplo, que o cérebro é capaz de concentrar os esforços em uma só direção, mas aí basta um estímulo, qualquer um, para mudar de rumo a tendência vale para todo ser humano. Somos distraídos por natureza: é o olho que capta uma imagem, as narinas que absorvem um cheiro envolvente, os ouvidos que percebem um som distante... Isso tudo desperta memórias e sensações que levam a mente a voar.
A chave para entender a mania de se dispersar está em duas regiões do cérebro que vivem numa eterna queda-de-braço: o córtex pré-frontal, que fica logo abaixo da testa e é responsável por processar informações complexas, e o córtex parietal, localizado na parte médio-traseira e cuja função, entre outras, é interpretar as sensações táteis. Quando nos concentramos em algo, a oxigenação aumenta nessas duas áreas, explica o neurocientista Martin Cammarota, do Centro de Memória do Instituto de Pesquisas Biológicas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre. É que ambas disputam nossa atenção, segundo um estudo de pesquisadores do MIT, o Massachusetts Institute of Technology, nos Estados Unidos.
O córtex pré-frontal entra em ação quando aplicamos nosso esforço em alguma atividade, enquanto o parietal é ativado caso uma distração tente nos fisgar. É o que acontece, por exemplo, quando você navega na internet para enviar um e-mail urgente mas vê com o rabo do olho uma notícia curiosa. O cérebro imediatamente dispara dois sinais diferentes, um logo após o outro. O mesmo ocorre quando tentamos escrever e conversar ao mesmo tempo ou dirigir e falar ao celular.
Para os cientistas, o desafio é descobrir como desligar uma dessas freqüências e deixar ativa apenas aquela que nos interessa em determinada situação. Segundo uma pesquisa realizada por psicólogos da University College London, quanto mais complexa uma atividade, maior a facilidade para se concentrar nela. A complexidade leva à motivação, um pré-requisito para preservar o foco, justifica o neurologista Benito Damasceno, chefe do Departamento de Neurologia da Universidade Estadual de Campinas, a Unicamp, no interior de São Paulo.
Fonte:
http://saude.abril.uol.com.br/edicoes/0297/bem_estar/conteudo_275873.shtml?pagin=1